Nova Iorque nunca sofre com a abstinência de novos cafés. Ainda mais quando o café é excelente, mas a energia do local é o que o deixa mais convidativo. E às vezes, o café vem como um componente adicionado tardiamente – como o que aconteceu com o Vacancy Project, no East Village.
Masami Hosono, uma “hair colorist” japonesa cheia de energia decidiu abrir a plataforma criativa Vacancy Project em 2012. Ela tinha se mudado do Japão pra Nova Iorque e queria um lugar que abrigasse suas iniciativas criativas. “Minha paixão e instinto natural por criatividade, moda e música acabaram por trazer minha carreira até aqui”, ela diz.
Antes de abrir o salão de cabelereiro/café na East 10th Street, Hosono publicava Vacancy Zine, uma colaboração com um fotógrafo amigo. E, naturalmente, Vacancy Radio apareceu, à medida que ela se conectava com clientes do salão que eram músicos e que adoraram a ideia de ser ouvidos na terra natal de Hosono. E a partir daí, todas as ideias criativas que foram surgindo naquele ambiente começaram a tomar direções variadas. “O Vacancy Online Journal, nossa newsletter online, me permitiu entrevistar artistas e conversar sobre outros artistas que eu amo e respeito, lhes dando uma plataforma pra mostrar seu trabalho”, ela diz, com um sorriso no rosto. “E agora, finalmente, o Vacancy como espaço físico nasceu com a proposta de ser um hub para artistas virem e se conectarem pessoalmente”. O objetivo do local é simples: tomar um café, relaxar, dar risada, e fazer arte – literalmente.
Como Hosono decidiu trabalhar com um dos melhores cafés da América do Norte (ela serve Heart Roasters, de Portland, rotacionando os grãos de tempos em tempos), ao mesmo tempo que ela atesta que cabelos dos clientes estão sendo cortados, pintados e secos meticulosamente? “Eu trabalhava na Starbucks em Tokio, que definitivamente é bem diferente da Starbucks aqui”, ela sorri novamente. “Eu aprendi duas coisas importantes quando trabalhei lá: a importância dos grãos e a importância também da hospitalidade”. De fato, enquanto trabalhava na gigante Starbucks, Hosono ganhou o black apron, provando que foi além e aprendeu bem não só sobre a cadeia do café mas sobre como tratar clientes. Hoje, Hosono olha pra trás e diz que conseguiu realizar um sonho: café excepcional no mundo de salões de cabelereiro.
Vindo de Tokio, Hosono notou como a cultura de cafés é completamente diferente em Nova Iorque. Ela viu que a área ainda está de certa maneira se desenvolvendo, e longe de ser saturada. “As pessoas estão experimentando cafés de maneiras que mesclam culturas e reconhecem que café pode ser bom por diferentes razões. É incrível tomar um café de uma “bodega” às 5 da manhã, e depois um espresso feito com grãos especiais às 4 da tarde”, ela afirma.
E no Vacancy, as coisas são descomplicadas. “Nós oferecemos cold brew, iced coffee e uma variedade de cafés filtrados. Nós temos um setup bem simples e as pessoas não reclamam. É legal, afinal de contas, em uma era de tantas escolhas, ter apenas algumas – boas – opções pra escolher”, Hosono conta.
No Vacancy, a filosofia é colaborar em tudo holisticamente – incluindo a maneira que o café é apresentado. Hosono afirma que eles estão em constante treinamento e aprendendo uns dos outros, mudando os grãos oferecidos, e assim se desafiando a reavaliar as bebidas oferecidas frequentemente. “Nós somos todos amigos e compartilhamos nosso conhecimento de café casualmente e coletivamente”.
Da mesma maneira que trocam os grãos, eles também mudam as maneiras de se expressar, fazendo projetos distintos como pop-ups de lojas de skate, zine, e eventos com gravadoras. A localização do Vacancy é perfeita e atrai muita energia criativa e pessoas interessantes. “Alphabet City ainda é influente, e eu acredito que este ar daqui inspira o nascimento de ideias muito legais”.
O nome Vacancy vem dos sinais de “vacant” – algo como “vazio”, em português. Hosono explica: “nosso espaço é aberto e vazio para que você entre e compartilhe ideias: coletivamente e sem custo”.
Daniel Scheffler escreve para a Sprudge sobre variados assuntos. Também colabora com a T Magazine, Travel And Leisure, Monocle, Playboy, New York Magazine, The New York Times, e Butt. Leia mais Daniel Scheffler on Sprudge.
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